quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

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Inútil,
Mas pede, na prece
A quem parte ou aporta
Em todas as portas tortas loucas abertas
Algum degrau acolchoado?
A roupa rota, pouca, miséria estampada
Calada, horizonte distante onde
Sem estrelas nascem teias pretas
Em seu céu imenso descampado
Mesa fria, vazia, sofrido cimento
Querida já não há quem chama
Comer não dá pois de nada será
Remendos em linha grossa
Possa talvez consertar
Vale um dedo de prosa, só assim descobrirá
Tecido gasto da vida já era/fora/queria rosa
Prosa,
Poesia,
Economia, Saúde & Companhia

Jornal velho, servindo de telhado, biblioteca vazia
Casa com quintal de um mundo imenso
Tenso, imundo, animalesco

Olho não vejo
Que sob as palavras cruzadas
Há um novo rebento
Magrelo, olhos saltados
Fome de viver, mas todos sabem
Impossível ao relento
Chega alguém e joga dinheiro
Como se cuspisse sobre seu corpo
Inteiro, verminoso, remelento, mal-cheiroso
Sonhado antes melhor
Quando ela tinha outros
A quem chamar
E amar

4 comentários:

Moni Saraiva disse...

A rua-sem-dono, que tantos donos tem, transpira solidão em meio à multidão.

De troco, que fique pelo menos a poesia.

Gostei muito, David!

Alicia disse...

A beleza da pobreza...em letras, há.

Ricardo Novais disse...

Caro David,

Que poema ácido, e, por por outro lado, tende ao parnasianismo. Letras tocantes em meio à crítica social. Fascinante!

Abração.

@David_Nobrega disse...

@Monica - Poesia ainda é, mesmo que queiram fodê-la, a riqueza da literatura. E está presente em tudo.

@Alicia - Não necessariamente belo. Mais um apelo.

@Ricardo - Vindo de vossa senhoria, é um elogia. Grato pelo comentário e divulgação.

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